Em Dó menor

Quando sofro de amor, sofro escutando Chico Buarque. Porque, segundo a Todynho, é melhor sofrer em Dó menor do que sofrem em silencio. Quando olhaste bem nos olhos meus E o teu olhar era de adeus Juro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre teu corpo e duvidei E me arrastei e te arranhei E me agarrei nos teus cabelos Nos teu peito, teu pijama Nos teus pés ao pé da cama Sem carinho, sem coberta No tapete atrás da porta Reclamei baixinho Dei pra maldizer o nosso lar Pra sujar teu nome, te humilhar E me vingar a qualquer preço Te adorando pelo avesso Pra mostrar que ainda sou teu Composição: Francis Hime/Chico Buarque

Ontem um amigo me disse que eu teorizo muito as coisas, e isso me atrapalha. Não sei se concordo totalmente com ele. Preciso de uma teoria mais elaborada sonre isso...

Quando o cérebro se faz necessário, músculos não dão conta. Quando o coração se faz necessário, o cérebro não dá conta. Quando a alma se faz nesserária, o coração não dá conta...

Palestra A Alma Imoral

A tempo, atualizo aqui a palestra que vi com o autor do livro A Alma Imoral, Nilton Bonder, dentro do programa da CPFL Cultura, o Café Filosófico. Apesar da mediação bem mediana, do foco da palestra cair rapidamente para a peça (brilhante a peça de teatro inspirada no livro, mas não era o tema), pude pinçar pequenas pérolas: - A monogania é uma forma de acomodar as tensões da sociedade em busca da procriação. Caso contrario, apenas os homens e mulheres mais lindos e ricos teriam chances. - O corpo, ao contrário do que o senso comum normalmente prega, é o representante da tradição, das raízes. - O unico modelo de revolução das relações pessoais proximo ao da internet é o dinheiro. - O que distingue o homem dos outros animais, não é a capacidade de competição, mas sim a capacidade de criar vínculos. - As nossas identidades não podem ser um aprisionamento. - Não preciso me legitimar através da ilegitimidade do outro. - Existem fidelidades tão imorais e traidoras quanto a própria traição.

Alegrias Emprestadas

Estive em dois casamentos seguidos. Um por dia. Não fui em muitos casamentos na vida, mas dos poucos que fui percebi que, independente do credo ou classe social, todos são iguais. A cerimônia muda, o sacerdote muda e a qualidade do Buffet e do uísque também mudam. Mas no geral, a dinâmica da coisa é a mesma.

Pais, parentes e amigos, que os noivos acreditam estarem feliz por eles, confraternizam uma alegria que não é deles. Refleti seriamente sobre quem, apesar de feliz pela felicidade dos noivos, realmente se importaria de estar ali ou não. Conclui que fora quem estava no altar e na primeira fileira, quase ninguém.

No primeiro casamento que fui realmente estava contente por estar lá e ver a alegria de uma amiga por estar casando a moda antiga (véu, grinalda e igreja). Então me detive a observar o desenrolar da festa. Todas as mulheres montadas como arvore de natal e o os homens no terninho do uniforme. Entendi depois de um tempo que casamento é como carnaval, vc passa um tempão esperando o dia, escolhendo a fantasia, vestindo a fantasia e no dia tão esperado ela não dura nem 15 minutos montada.

No segundo casamento estava ali totalmente penetra. Convidado de uma convidada. Casamento para certos convivas é uma situação tão constrangedora, que precisam de alguém para lhes segurar a mão. Como não tinha que observar nenhum conhecido ficando bêbado, para depois cair na risada, me detive observando a dinâmica social da coisa. Convidados, de todos os lados (do noivo e da noiva) cada um no seu lado e ao seu modo dançando e bebericando. Alguns nitidamente (como eu) só para dizer que participou da festa, afinal já estava lá, ai sair com cara de que nem se divertiu?

Foi ai que comecei a perceber o quanto se pega emprestado as alegrias dos outros. Muitos com certeza estavam ali como eu, se estivessem em casa vendo TV dava na mesma. Alguns sorrisos amarelos aqui, outros ali, e alguns comentários escutados de penetra, comecei a perceber o tamanho do mico que uma festa de casamento pode se tornar. Já tinha ouvido falar que agente não faz festa de casamento para nós mesmos, mas para os outros, principalmente pai, mãe, tias e parentes serpentes.

Agora eu me pergunto: Porque eu convidaria para uma mesma festa, pessoas completamente diferentes e opostas, quando não conflitantes, que eu passei todo o tempo até ali me esforçando para que elas não se encontrassem?

Faz um tempo fui em um casamento na família. E como só tem maluco mesmo, o que mais me diverti foi rindo da operação logística formada para que tias, ex-esposas, parentes em geral que estavam brigados não fossem parar na mesma mesa.

Acho que festa de casamento é aquele tipo de coisa que parece besta e sem sentido, mas que se você não faz perde metade da diversão.

O saldo da primeira noite foi OK. Risadas, papo descontraído com o pessoal do trabalho, ver a alegria de uma amiga querida. Apesar de no fim da noite ser agredido gratuitamente, por um único erro de amar a pessoa errada e talvez não ser capaz de entende-la. Mas isso é outra história.

O saldo da segunda noite foi bem mais legal. Como não conhecia ninguém, minhas observações puderam ser bem mais acidas. Mas o principal foi que esse convite me ajudou a sair de baixo das cobertas, perceber que existem pessoas que me querem e me gostam, e que posso ter uma noite maravilhosa que termina numa manhã.